terça-feira, 8 de novembro de 2011

Intoxicação por chumbo na Ilha de Maré

Ilha de Maré, pertencente ao município de Salvador, e situada na região nordeste da BTS, teve como objetivo relacionar a exposição à contaminação ambiental com a dieta de famílias de pescadores e marisqueiras da região. A análise do material coletado indicou que no chumbinho havia até dezesseis microgramas de chumbo por grama do marisco, isto é, uma concentração oito vezes maior do que o índice permitido pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). De acordo com o órgão, o limite máximo de chumbo presente nos alimentos deve ser de até 2 µg/g. O diagnóstico no siri e no sururu também ultrapassou os índices considerados toleráveis para a saúde humana, sendo de 2,17 µg/g e 3,19 µg/g, respectivamente.

Já a análise do chumbo no cabelo e sangue das crianças também indicou números alarmantes. Os resultados da pesquisa mostraram que há níveis de até 19,2 microgramas do metal pesado por decilitro de sangue. Os exames no cabelo apontaram que a quantidade de chumbo chega a 21,2 microgramas por grama de cabelo. Os dados da OMS (Organização Mundial de Saúde) consideram que o limite de concentração deste elemento químico no corpo humano deve ser de no máximo 10 µg.


“Uma maneira de amenizar a ingestão de chumbo é diminuir a quantidade de alimentos provenientes do mar e aumentar o consumo de carnes, frango e legumes.”


RISCO PARA A SAÚDE
Com cerca de 8,6 mil habitantes, segundo dados da Administração Regional das Ilhas de Salvador, órgão pertencente à Prefeitura Municipal, a Ilha de Maré é conhecida pelas praias de águas quentes e calmas e pelo artesanato, a exemplo das toalhas de renda de bilro, as cestarias com fibra de cana brava e o tradicional doce de banana na palha, alvo de desejo dos turistas que passam pelo local. No entanto, é a tradição do pescado, da mariscagem e da agricultura familiar que garantem a sobrevivência da população. O desaparecimento de peixes, crustáceos e moluscos tem afetado a vida dos  habitantes da região, que reclamam que a atividade da pesca tem sido prejudicada por conta da poluição.
De acordo com os moradores, os resíduos químicos das indústrias instaladas nas proximidades da ilha estão contaminando o ar e as águas do mar. Marizélia Carlos Lopes, presidente da Colônia de Pescadores Z-4, de Ilha de Maré, afirma que a população da ilha sofre com constantes odores de produtos químicos trazidos pelos ventos norte e nordeste. “Tem dias que a gente acorda com um forte cheiro de amônia, a nossa garganta coça, os olhos ardem e a pele fica áspera”, diz a presidente.

                                         
                                                                     Ilha de Maré


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